Ponte do Rosário em Ouro Preto
Você sabe o que um casal famoso e a Ponte do Rosário tem a ver um como o outro? Não, então vamos te contar no post de hoje. Um dos casais mais icônicos, senão o mais icônico, da literatura Ouropretana é Marília e Dirceu. Sua história foi eternizada pelos versos do poeta Tomás Antônio Gonzaga (o Dirceu) dedicados à Dorotéia Joaquina de Seixas (a Marília). Em uma das liras da obra, Marília de Dirceu, o poeta cita três pontes da antiga Vila Rica;
“Entra nesta grande terra,
Passa por uma formosa ponte
Passa a segunda, a terceira
Tem um palácio defronte.”
A terceira é a Ponte de Marília, que fica no bairro Antônio Dias, em frente a casa onde morou Dorotéia. A segunda é a Ponte dos Contos, que falaremos sobre em outro momento. Mas a primeira, a “formosa ponte” é o tema do nosso post de hoje, a Ponte do Rosário. O poeta usa as palavras “Entra nesta grande terra” porque, naquela época, a entrada para Vila Rica estava localizada no bairro Cabeças, que dá acesso ao Rosário.

Ela também é conhecida como Ponte do Caquende, pois este é o nome do córrego sobre o qual foi erguida e está localizada entre as ruas Bernardo de Guimarães e Alvarenga. A construção executada por António da Silva Herdeiro, em 1753 e levou ao todo 6 meses para ficar pronta, a autoria da planta e desenho da Ponte do Rosário não é conhecida. Para a obra foram usadas pedras da região do Itacolomi.
A estrutura da ponte é formada por dois paredões de alvenaria de pedra cortados por um arco pleno, sob o qual correm as águas do Caquende, há também ali uma passarela para pedestres, acessível pela travessa Odorico Neves, transversal à travessa Domingos Vidal. O parapeito possui dois bancos opostos e uma cruz central, ambos feitos em Itacolomito.

A beleza dessa ponte inspirou não apenas o poeta inconfidente, mas também pintores, como Diógenes Sodré, que a retratou em uma de suas obras. Intitulada com Ponte do Rosário, Ouro Preto, a pintura retrata uma vista lateral da ponte em primeiro plano, com a paisagem montanhosa tipicamente mineira ao fundo.
Arredores da Ponte do Rosário
Nos arredores da Ponte do Rosário existem ainda outros pontos que chamam a atenção. É possível identificar, do lado direito da ponte, um grande casarão de cor laranja, com um jardim, quatro estátuas representando as estações do ano e um alpendre defronte à entrada principal. Nela viveram, entre 1853 e 1872, Henrique Honoré Dumont e sua esposa Francisca de Paula Santos, os pais de Alberto Santos Dumont, pai da aviação. Ainda que Alberto não tenha nascido em Ouro Preto, sua mãe Francisca era ouropretana, filha do comendador Paula Santos. Atualmente o casarão está à venda pela bagatela de 10 milhões de reais.
Do lado esquerdo da casa de Santos Dumont, é possível ver a fachada do edifício onde funcionou a Botica de Assistência à Pobreza, da qual Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi funcionário e sócio, juntamente com o Padre Francisco Ferreira da Cunha. Nessa casa amarela de janelas marrons, onde o inconfidente exerceu o ofício de dentista (que lhe rendeu o apelido) também morou, posteriormente, o Governador de Minas Gerais. Hoje a casa é residência de um Advogado e é fechada à visitação.
Aproveite a para conhecer também um pouco mais desse bairro, que é um dos mais charmosos de Ouro Preto. Seguindo pela rua de Bernardo Guimarães você pode conhecer também o casario colonial, comércios, restaurantes e cafés locais, além da imponente Igreja do Rosário. Após a igreja, você pode seguir pela rua de Getúlio Vargas, passar pelo ateliê do pintor Paulo Valadares e admirar suas pinturas, que retratam com um estilo único as paisagens ouropretanas. Depois caminhe até o mirante de Getúlio Vargas, do qual se tem uma belíssima vista da Igreja do Rosário, Museu Casa dos Inconfidentes e das montanhas de minas.