Chafarizes de Ouro Preto: entenda qual era o papel destas construções nas cidades coloniais
Como deixar de notar os chafarizes de Ouro Preto? Se você já passeou pelas ladeiras dessa cidade, com rumo ou sem, com certeza você deve ter notado que existem diversos chafarizes espalhados por ela. Seja no centro, seja nos bairros um pouco mais afastados, eles são onipresentes, ainda que a maioria deles já não verta água. Mas você já parou para pensar por que existem tantos chafarizes em Ouro Preto?
Vivendo no mundo de hoje, acostumados com água encanada e saneamento básico, talvez seja difícil para nós enxergar além do aspecto ornamental dos chafarizes de Ouro Preto. Mas a construção deles foi feita, de fato, como uma solução para o abastecimento hídrico da antiga Vila Rica, nos tempos do Ouro.
Naquela época, a prioridade de uso da água era a mineração, segundo os Professores e pesquisadores Alberto de Freitas e José Francisco do Prado, essa prioridade era uma determinação legal. Contudo, a demanda pelo abastecimento de água se intensificou também nos centros urbanos, conforme estes iam crescendo. Em Ouro Preto, uma das medidas tomadas para suprir essa necessidade foi a construção de chafarizes, tanto públicos quanto privados. Aliados a cobrança de taxas pelo uso da água e até a criação de regras para evitar o desperdício e o uso irregular desse recurso tão essencial.
Mas como estamos falando de Ouro Preto, um lugar onde nenhum aspecto da arquitetura, ainda que tenha uma utilidade prática, é eximido de beleza, a grande maioria dos chafarizes que foram então construídos são verdadeiras obras de arte. Feu de Carvalho, em seu livro “Pontes e Chafarizes de Villa Rica de Ouro Preto” , lista, caracteriza e detalha os pormenores das construções de todas as principais pontes, chafarizes e fontes da cidade.
O autor também aproveita para enumerar algumas construções que já haviam se pedido na época em que escreveu, no ano de 1900, e algumas que necessitam de urgente manutenção. Carvalho lista 11 chafarizes históricos em Ouro Preto, além de mencionar o Chafariz da Mãe Chica, sobre o qual havia o adágio “Quem beber água da Mãe Chica, em Ouro Preto fica”, e que já estava soterrado à esquerda da Ponte da Barra.
Em nosso perfil no Instagram, estamos dedicando um post individual a cada uma destas fontes, então não vamos nos estender aqui sobre elas. Porém vamos destacar aqui três chafarizes que você provavelmente viu ou verá durante seu passeio pela antiga Vila Rica.
Alguns dos Chafarizes de Ouro Preto
1- Chafariz da Praça Tiradentes

Está instalado na fachada do Museu da Inconfidência, antiga casa de câmara e cadeia de Vila Rica, logo abaixo da escadaria. Ele foi construído em pedra sabão por volta de 1746, inicialmente estava posicionado no centro da praça tiradentes, sendo depois reposicionado para o local atual.
Acima das duas carrancas, das quais já não jorra mais água, le-se a inscrição “Inaugurado em 2 de dezembro de 1846, 21º Aniversário de S. M. O Sr. Dom Pedro II, por ordem do Presidente da Província Quintiliano José da Silva”.
2- Chafariz de Marília

Tem este nome por se situar próximo da casa onde residia Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília de Dirceu, no bairro Antônio Dias. O chafariz foi construído por Manuel Francisco Lisboa, em 1959, a partir da iniciativa do Senado da Câmara de Ouro Preto.
Possui dimensões consideráveis, o corpo principal é amparado por pilares com volutas laterais bem desenvolvidas, nele existem quatro carrancas, com as respectivas bicas e tanque com quatro cavidades em forma de campânula invertida.
3- Chafariz dos Contos

Se localiza, como o nome sugere, próximo a Casa dos Contos, na Rua São José. Foi construído em 1745, em alvenaria de pedra rebocada e cantaria, é considerado um dos mais importantes da cidade. Um fato curioso sobre este chafariz é que, existe na cidade de Brazil, em Indiana, Estados Unidos, uma cópia dele exposta no Forest Park, a obra foi dada como presente, pelo governo brasileiro a cidade em 1956.
4- Chafariz da Glória

Localizado na rua Antônio de Albuquerque, antiga Rua da Glória, no bairro Pilar. Ele foi construído em 1753 e possui o desenho parecido com o do Chafariz do Passo do Antônio Dias, porém, conta com pinhas na parte superior além das conchas, volutas e carrancas presentes que são os elementos que fazem um semelhante ao outro.